Tecnologias de saúde engajam pacientes
- Luciana Dadalto
- 1 de mar. de 2020
- 2 min de leitura

Cada vez mais inerente às atividades do cotidiano, o mundo digital tem se inserido também na área da saúde e fomentado a experiência eletrônica possibilitando, por exemplo, a utilização de prontuários médicos e outros instrumentos eletrônicos de acesso a dados de saúde. De acordo com pesquisa da Accenture, um terço da população brasileira consulta prontuários eletrônicos de saúde para ver resultados de exames, histórico de medicamentos, entre outros. Entre os sete países analisados no estudo, o Brasil ficou atrás apenas dos Estados Unidos com relação ao número de visitas eletrônicas do serviço. Apesar de muitos não terem conhecimento sobre o direito ao acesso a essas informações, a projeção é que o número de acessos aumente ainda mais nos próximos anos. O acesso do paciente ou de seu representante legal a informações de exames, condições físicas, procedimentos, entre outros, é um direito, e o uso das tecnologias na saúde pode contribuir grandemente para a sua realização. É interessante também para a fiscalização e monitoramento da saúde pública e suplementar, a fim de balizar melhorias para as políticas de saúde, conduta médica e procedimentos. Além disso, o prontuário corretamente preenchido tem sido efetivo como peça principal de defesa do médico nos casos de denúncia por indícios de mau atendimento, imperícia, imprudência ou negligência, ou seja, na verificação de supostos erros médicos. Previsto pelos Códigos de Ética Médica e de Defesa do Consumidor, o acesso do paciente ao prontuário médico nem sempre é aceito pelos profissionais da saúde. A maioria dos pacientes acredita que deve ter acesso total a seus prontuários, enquanto apenas 25% dos médicos pesquisados compartilham dessa opinião. Observa-se que os pacientes querem ter maior participação em decisões médicas, se manter informados e acompanhar sua saúde. Hoje, já é muito comum a utilização de sites e aplicativos para acessar resultados de exames, quadro clínico e histórico de medicamentos, por exemplo. Prova disso são os dados coletados pela Pesquisa Patient Engajament que mostram o aumento da utilização desses aplicativos nos últimos dois anos no Brasil: de 30% em 2014 para 37% em 2016. Tais ferramentas fortalecem o engajamento do paciente com sua própria saúde. Apesar de o público estar aberto às ferramentas digitais para tais fins, a grande maioria entende que deve haver restrições sobre quem pode acessar os dados de seu prontuário. De acordo com o levantamento, 96% dos pacientes entrevistados acreditam que o documento é uma ferramenta para o médico e para si mesmos, e que não deve ser acessado por outros, como empregadores e/ou governo. A adoção do digital pelos pacientes nos últimos dois anos mostra a procura por uma nova direção com relação à prestação de serviço de saúde e pode ser considerado um possível canal de análise para as entidades de saúde brasileiras. A aquisição de prontuários por parte dos pacientes tem aumentado, mas ainda há uma incompatibilidade sobre o entendimento de médicos e pacientes a respeito do grau de acesso às informações. Assim, está-se diante de uma excelente oportunidade para que as entidades médicas aumentem o nível de cobrança a respeito da transparência e da comunicação da classe médica com seus pacientes. O Brasil ainda possui desafios para a consolidação de um modelo de atendimento digital e maneiras para harmonizar as expectativas de entidades, profissionais e consumidores sobre o serviço.
Comments